Será que você tem a Síndrome do Pensamento Acelerado?

Qualquer pessoa, inclusive crianças, pode desenvolver a SPA, que já atinge 80% da população. Conheça a síndrome e como tratar

Redação NBE

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16/01/2024
Será que você tem a Síndrome do Pensamento Acelerado? Adobe Stock/NBE

4 min de leitura

Danielle H. Admoni*

Diariamente, ficamos expostos a uma quantidade enorme de estímulos, nos motivando a fazer várias tarefas simultaneamente. O problema é que o cérebro não está acostumado a receber tantos estímulos e a processar inúmeras informações de uma vez só.

O resultado é o esgotamento mental e, para absorver todos os novos impulsos, o cérebro acaba tomando para si a energia que deveria ser utilizada para o funcionamento de outros órgãos e músculos, o que justifica o desgaste físico.

Síndrome

Identificada pelo psiquiatra e escritor Augusto Cury, a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) gera dificuldade em organizar os pensamentos, podendo saturar o córtex cerebral e resultar em uma mente hiperpensante (em busca permanente de informações e estímulos), agitada, impaciente, com bloqueio criativo e baixo nível de tolerância.

Segundo o Instituto Augusto Cury, a SPA atinge cerca de 80% da população brasileira. Mesmo sendo comum, a síndrome é pouco discutida. Muitas pessoas sofrem com os sintomas sem saberem que estão lidando com este problema de ordem psicológica, pois, ainda que não seja considerada uma doença, a SPA está relacionada a quadros de transtorno de ansiedade.

Sintomas da síndrome do pensamento acelerado

A SPA está associada ao fluxo intenso de pensamentos, ou seja, não há relação com o conteúdo deles, mas com a quantidade e a velocidade em que são produzidos pelo cérebro. Confira os principais sintomas de quem é acometido pela síndrome:

  • Ansiedade
  • Dificuldade de atenção e concentração
  • Pensamentos distorcidos
  • Prejuízos à memória, como lapsos
  • Cansaço excessivo
  • Dificuldade para pegar no sono
  • Irritabilidade fácil
  • Não conseguir descansar o suficiente e acordar cansado
  • Inquietação
  • Excesso de estímulos visuais e sonoros
  • Sofrimento por antecipação
  • Intolerância ao ser contrariado
  • Mudança de humor repentina
  • Insatisfação constante
  • Sintomas psicossomáticos, como dor de cabeça, dor nos músculos, queda de cabelo e gastrite

Quem pode ter a síndrome

As redes sociais são responsáveis por diversos quadros de ansiedade, já que muitas pessoas passam o tempo todo checando notificações e mensagens. Além disso, dentro de um curto período na internet, o indivíduo absorve uma quantidade absurda de textos e imagens, fator que gera cansaço e esgotamento mental.

Normalmente, a síndrome surge em pessoas que precisam se manter constantemente atentas, produtivas e sob pressão. A SPA é muito comum em executivos, profissionais de saúde, escritores, professores e jornalistas, por exemplo.

São pessoas que não conseguem parar um segundo sequer para evitar o comprometimento do trabalho, já que tudo acontece em um ritmo extremamente acelerado, com muitos projetos e pouco prazo de entrega.

Nestes casos, a SPA acaba dificultando o desenvolvimento de capacidades, de criatividade, reflexão e memória, podendo prejudicar o rendimento do trabalho.

Atenção com as crianças

No entanto, a SPA não se limita ao âmbito profissional. Qualquer pessoa pode desenvolver a síndrome. Crianças e adolescentes são bombardeados por informações a todo momento e submetidos ao excesso de tarefas, estímulos sociais e preocupações.

Criança deitada utilizando o celular

Isso acaba por estressar e desgastar o cérebro, especialmente em se tratando de indivíduos em pleno desenvolvimento neuropsicomotor, cuja estrutura cerebral é afetada, provocando disfunção no sistema neurológico e endocrinológico, podendo gerar danos irreversíveis.

Caso seu filho apresente quadro de ansiedade, dificuldade de concentração, falta de memória, irritabilidade, cansaço físico e mental, busque ajuda imediatamente, antes que o seu desenvolvimento intelectual possa ser comprometido.

O diagnóstico da SPA deve ser feito por um psicólogo ou psiquiatra. Pode ser com base nos sintomas e nos relatos sobre os hábitos cotidianos do paciente, como também por meio de um questionário específico que auxilia a identificar pontos que podem ter ficado de fora.

O psicólogo pode ajudar no entendimento dos pensamentos, dos sentimentos e dos comportamentos. Já o psiquiatra poderá entrar com medicações, caso seja necessário. “O importante é haver um acompanhamento multidisciplinar para descartar outras hipóteses e garantir o diagnóstico correto.

A psicóloga Flávia Teixeira recomenda adotar mudanças de hábitos e de rotina, que pode ajudar no tratamento da síndrome: praticar atividades físicas regularmente, dar pausas para descanso entre as tarefas do dia, limitar-se ao uso de redes sociais e de telas em geral, e passar a praticar um hobby ou alguma atividade que dê prazer, como pintar, ler, cozinhar, entre diversas outras opções que proporcionam o bem-estar que sua mente e seu corpo tanto precisam.

Cristiane Romano, mestre e doutora em Ciências e Expressividade pela USP, e pós-graduada em Gestão e Estratégia de Marketing pela PUC/MG, aconselha evitar longas jornadas de trabalho. Para conseguir realizar as tarefas somente no horário do expediente, é preciso disciplina e organização. Outra dica é, ao invés de tirar um mês de férias, tirar 4 ou 5 dias de férias a cada 4 meses. Dessa forma, você espaça seu tempo para descansar e desligar a mente.

*Danielle H. Admoni é psiquiatra geral, da Infância e Adolescência, preceptora na residência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Contatos: daniellehadmoni@vidaeacao.com.br; Instagram

Publicado originalmente no portal Vida e Saúde

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