Nossas memórias nos tornam únicos

"Memória significa aquisição, formação, conservação e evocação de informações”

Redação NBE

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29/08/2023
Nossas memórias nos tornam únicos Adobe Stock/NBE

4 min de leitura

“Somos aquilo que recordamos, literalmente. Não podemos fazer aquilo que não sabemos, nem comunicar nada que desconheçamos, isto é, nada que não esteja na nossa memória... O acervo de nossas memórias faz com que cada um de nós seja o que é: um indivíduo, um ser para o qual não existe outro idêntico”.

O pesquisador argentino naturalizado brasileiro, Iván Izquierdo, tornou-se uma das principais referências nos estudos sobre memória e foi mentor do Instituto do Cérebro, criado junto à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS). Falecido em 2021, em Porto Alegre, Izquierdo tornou-se um dos mais renomados neurocientistas do mundo e escreveu o livro “Memória” (2018), entre outros dedicados especialmente ao tema.

A memória é considerada uma das habilidades mais relevantes do cérebro e uma das funções cognitivas mais complexas do nosso organismo. "Memória significa aquisição, formação, conservação e evocação de informações”, define Iván Izquierdo.

Prof. Ivan Izquierdo - Foto Gilson Oliveira – divulgação PUCRS

Segundo o neurocientista, “a aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem: só se ‘grava’ aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido”.

Para o pesquisador “também somos o que resolvemos esquecer”. O nosso cérebro “lembra” quais são as memórias que não quer trazer à tona e evita recordá-las: as humilhações, as situações profundamente desagradáveis ou inconvenientes. “De fato, o cérebro não as esquece, pelo contrário: as lembra muito bem e muito seletivamente, mas as torna de difícil acesso”, explica.

Izquierdo afirma que o passado, nossas memórias e nossos esquecimentos voluntários nos dizem quem somos e nos permitem projetar o futuro. Isto é, nos dizem quem poderemos ser. “O passado contém o acervo de dados, o único que possuímos, o tesouro que nos permite traçar linhas a partir dele, atravessando, rumo ao futuro, o efêmero presente em que vivemos”.

Duas senhoras olhando fotografias

Fatores que comprometem

O desempenho de nossa memória está relacionado a questões de ordem comportamental e fisiológica. Alguns fatores em particular podem gerar prejuízos ao desempenho das habilidades cognitivas e da memória. Segundo a doutora e mestra em Neurologia, Thais Bento Lima e Silva, entre as causas está a falta de estímulos cognitivos.

  • Costumamos destacar que, apesar do cérebro não ser um músculo, se ele não for estimulado, vai atrofiando. Se for exercitado, se desenvolve, explica a pesquisadora que também é professora na disciplina de Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP) e membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer - Regional. Outro fator é a qualidade do sono.

  • A insônia é uma grande vilã para piorar o desempenho do funcionamento das habilidades mentais, principalmente da memória e da atenção, pois é durante o sono que formamos as aprendizagens adquiridas durante o dia. Os estudos da Neurociência também destacam a importância de se evitar o uso/ abuso de alimentos industrializados, ricos em açúcares e gorduras saturadas.

  • Em excesso, esses alimentos podem acumular no cérebro proteínas não utilizadas (radicais livres), possibilitando o aparecimento de toxinas que, a longo prazo, podem gerar prejuízos no funcionamento das habilidades mentais, constituindo um fator de risco para o desenvolvimento de demências.

    Pés de pessoa correndo

Para preservar a memória

A ciência tem destacado que a adoção de hábitos de vida saudáveis são estratégias fundamentais para a manutenção da saúde do cérebro, assim como para um processo de envelhecimento saudável. A pesquisadora Thais Bento Lima e Silva destaca:

  • Alimentação balanceada.

  • Boa qualidade do sono.

  • Realização de exercícios intelectuais que estimulem as habilidades cognitiva.

  • Prática regular de atividades físicas orientadas por um profissional especialista.

  • Cuidados com o estado de humor (buscar a tranquilidade); Relaxamento.

  • Prevenção ou manejo adequado de doenças crônicas presentes.

  • Busca de um rotina dinâmica e produtiva, evitando vícios e ociosidade.

  • Interação social (comunicar-se com as pessoas e desafiar-se constantemente).

  • Estimulação cognitiva, popularmente conhecida como exercícios de ginástica para o cérebro, como estratégia para criar uma “reserva cognitiva” para prevenir e reparar danos à saúde cerebral.

    Pessoa fazendo artesanato

Para estimular a memória

A especialista em Psicogerontologia, Luciana Soldatelli Miotto, alerta para a importância da prevenção.

“Precisamos investir na nossa saúde para assim podermos pensar num envelhecimento saudável e numa qualidade de vida satisfatória”. A psicopedadoga indica atitudes simples que podem ser adotadas para estimular a memória.

  • Preste atenção no que faz - atenção e memória caminham juntas.
  • Como ser único, descubra e/ou redescubra atividades que lhe deem prazer.
  • Desafie-se em busca de novas atividades.
  • Cuide para que sua vida não se torne uma rotina, faça as coisas de modos diferentes.
  • Pratique atividades físicas, palavras cruzadas, leia, cante, escute músicas e se deixe envolver pela melodia; dance mesmo que sozinho(a).
  • Aprecie e se encante com a simplicidade e beleza que a natureza nos proporciona.
  • Quando precisar lembrar de algo ou tiver medo de esquecer, fale alto, se escute e repita várias vezes. Lembre e relembre bons momentos, viagens.
  • Se gostar, faça atividades manuais: pinte, borde, tricô, chochê ou outros artesanatos.

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