Para envelhecer de forma saudável
Especialista destaca que as conexões humanas e o propósito de vida são os elementos fundamentais para uma longevidade com sucesso e felicidade

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O médico Emílio Moriguchi é uma das maiores autoridades brasileiras na área dos estudos da longevidade e um dos nomes à frente do Projeto Veranópolis, um dos mais antigos estudos sobre longevidade do país.
De passagem pela Serra Gaúcha, onde participou do Encontro Nacional de Pessoas Idosas do Sesc, o médico japonês naturalizado brasileiro compartilhou com um público de mais de mil pessoas os novos conceitos sobre envelhecimento saudável e destacou: “para a gente envelhecer bem, a gente tem que viver junto com outras pessoas", palestrou.
Em sua palestra, Moriguchi apresentou dados científicos que identificaram que os telômeros das células do corpo humano - que diminuem ao longo do tempo e são um indicador do envelhecimento - têm um encurtamento mais lento em pessoas onde as quatro gerações das famílias convivem diariamente e em harmonia. "Portanto, a integração social, nas pesquisas de longevidade, é o principal fator de impacto para a longevidade. Não fumar, fazer as vacinas, fazer exercícios físicos, controlar a hipertensão, etc, são fatores importantes. Contudo, o que têm o maior impacto são os bons relacionamentos", frisou.
Nesta entrevista exclusiva para a jornalista Débora, Chiari, do Nosso Bem Estar, o médico amplia os conceitos sobre a longevidade saudável.
NBE: Quais os pilares que o senhor considera indispensáveis para uma longevidade plena e feliz?
EM: Estilo de vida saudável (dieta saudável, atividade física regular, repouso adequado e lazer), vida social ativa e agradável com amigos e uma espiritualidade voltada para o bem (vida espiritual ativa que dê sentido para a vida, voluntariado).
NBE: Estamos chegando a uma era em que o avanço significativo da medicina e da tecnologia pode tornar comum viver até os 100 anos ou mais. Quais os maiores desafios que essa nova realidade pode nos impor?
EM: O maior desafio é manter essa longevidade saudável, ativa e feliz juntamente com amigos, pois ninguém consegue atingir a longevidade saudável, ativa e feliz sozinho.
NBE: Sabemos que fatores emocionais e relações interpessoais impactam profundamente na saúde e no bem-estar dos indivíduos ao longo dos anos. Como o senhor enxerga o papel das conexões humanas e do propósito de vida na construção de um envelhecimento mais pleno, feliz e saudável?
EM: As conexões humanas e o propósito de vida (“Ikigai” em japonês) são os elementos fundamentais para uma longevidade com sucesso e felicidade. Ninguém envelhece bem sem boas companhias e um propósito firme de vida.
NBE: Nosso país está envelhecendo de forma acelerada, mas fica claro que a preparação para acolher essa nova demografia ainda é deficiente, bem longe do ideal. O que falta, na sua opinião, para que o Brasil encare a longevidade como uma oportunidade — não como um problema?
EM: O Brasil precisa conscientizar-se do que é o mais importante: as PESSOAS! Precisamos de gestão que se conscientize de que o bem maior de uma sociedade são as pessoas e que, para cuidar bem desse bem maior, deve-se ter planejamento de educação e de saúde para o envelhecimento: desde o sistema educacional, passando pelo sistema de saúde e culminando no planejamento urbano adequado e amigável ao idoso.