Índia Mística e Bela

Um país pleno de cultura, magia, mistérios, beleza e tradição

Redação NBE

Redação NBE

15/08/2016
Índia Mística e Bela Vera Mari Damian

6 min de leitura

*Vera Mari Damian

Não é fácil entender a Índia, mas é fácil amá-la.

O que se ouve por aqui sobre aquele país lá do outro lado do mundo é sempre um recorte do que alguém viu e viveu. Nunca toda a paisagem, nem toda a verdade.

Para visitar a Índia é importante ter a mente aberta e despojar-se de pré-conceitos da cultura ocidental. Dessa forma é possível aproveitar toda a beleza e riqueza desse país pleno de magia, mistérios, cultura, tradição e com um povo simples e acolhedor.

Como entender um país com 1,252 bilhão de habitantes numa área menor do que a região Norte do Brasil? Um país que tem um dos maiores números de bilionários do mundo (6° colocado), mas possui mais pobres do que em todos os países da África somados? Como entender um trânsito absurdamente caótico, mas com poucos acidentes? Como puderam atravessar tantas guerras e invasões no passado e ainda manter uma forte espiritualidade?

Perguntas e mais perguntas surgem aos visitantes diante de uma realidade tão desconhecida e exótica. Se forem dirigidas a um indiano possivelmente terão respostas simples tais como: “Isto é da vida”.

Mas, geralmente, os ocidentais que escolhem a Índia como destino estão menos atrás de explicações da realidade sociológica e mais em busca de experiências místicas ou respostas existenciais.

E é aí que a viagem começa.

Estátua de buda na ìndia

Mística

A mística indiana é onipresente. Não se surpreenda se você sair à rua numa manhã de sexta-feira 13 (de maio de 2016) e se deparar com um... elefante! Entenda como um sinal de boa sorte e, melhor ainda, se você oferecer comida para ele. Os hindus alimentam todas as criaturas para adquirirem bênçãos (bom karma).

O misticismo e a cultura dos indianos são as coisas que mais impressionam os ocidentais. A profusão incontável de templos não consegue dar conta da devoção do povo aos deuses. Por toda parte se vê símbolos de culto: templos maravilhosos, estátuas ricamente elaboradas, pintadas ou cobertas de papel laminado, um pequenino templo sobre a calçada, altares no interior das casas, uma árvore adornada, imagens de mestres no painel dos carros e tantas outras manifestações. Eles mostram também a fé e o respeito às tradições carregando marcas e símbolos na vestimenta e no rosto. Há variações, mas sempre estão presentes.

Na região do Rajastão, um dos estados mais tradicionais e marcantes da cultura indiana, a mulher casada vai se identificar com um risco de pó vermelho feito com o dedo no centro da testa, próximo à raiz dos cabelos, um piercing (grande) no nariz e anéis nos dedos dos pés. Quanto mais para o interior do Rajastão, mais elas vão cobrir o rosto com partes do véu que completa a vestimenta, composta ainda pela blusa e pela saia longa muito drapeada. É uma forma de recato e de mostrar respeito ao marido e aos mais velhos.

Em outras regiões, a vestimenta tradicional é o sári e o hábito de cobrir o rosto com partes do traje também é mantido por algumas mulheres, pelas mesmas razões.

A religiosidade vem acompanhada de simplicidade, desapego e união. A família é um bem precioso com uma hierarquia definida, onde os mais velhos são reverenciados e obedecidos.

Os casamentos são cerimônias grandiosas, mesmo em famílias simples, com centenas de convidados e preparativos luxuosos. Na tradição indiana, a mulher se muda para a casa do marido e passa a servir à sogra, juntamente com as demais noras. Divórcios e separações são raros. Com os papéis previamente definidos e aceitos, todos se empenham em uma vida familiar de respeito e harmonia.

Casamentos arranjados ainda são comuns. Até em classificados de jornais é possível conferir pedidos e ofertas de bons partidos. Casamentos infantis são proibidos por lei. Alguns costumes mais radicais também, como o de queimar as mulheres vivas na pira funerária com o corpo do marido morto no colo, a fim de escapar da desonra. Em 2003, foi registrado o último caso.

Mulher com sombrinha e crianças na frente do Taj Mahal

A arte está presente em tudo: estátuas, pinturas, fachadas, afrescos, na arquitetura de casas e templos. Nada é feito sem uma pitada de arte. Destaque para o design têxtil que imprime, especialmente aos sáris femininos, uma variação imensa de estampas com colorido e beleza indescritíveis.

Homem faz oferenda na Índia

Vaca Sagrada

A religião eleva a Índia ao título de país mais vegetariano do mundo.

O respeito também é uma unanimidade para com as vacas, animal considerado sagrado pelos hinduístas e com passe livre pelas ruas, mercados e mesmo em estradas movimentadas. É associada à figura materna por fornecer leite e à espiritualidade por ser um animal dócil. Tem também uma grande importância social, já que o leite é fonte de proteína e está na base da culinária.

O abate bovino é proibido neste país em que 80% da população é composta de hindus. Outros animais também são considerados sagrados. Há, por exemplo, templos dedicados aos ratos e macacos por ocuparem papéis importantes na mitologia religiosa.

A reverência se estende às árvores. Sob a Pipal (fícus religiosa) nasceu o Deus Vishnu, morreu o Senhor Krishna e Gautama Buda, o fundador do Budismo, se iluminou. É considerada uma árvore sagrada e suas folhas em formato de coração têm vasta utilização na medicina Ayurvédica indiana.

Várias cidades indianas também são consideradas sagradas, como Rishikesh, Varanasi, Bodhgaya, entre outras, e nelas é proibida a comercialização de bebidas de álcool.

Em Pushkar, cidade da Índia dedicada ao Deus Brahma (criador do Hinduísmo) e onde foram colocadas as cinzas de Mahatma Gandhi, é proibido inclusive fumar nas imediações do lago sagrado.

Elefante passeando nas ruas da Índia

Aura Mística

As pessoas são o que a Índia tem de melhor, com sua alegria inata que beira a inocência e um cuidado especial de homens e mulheres para com as crianças, cujos olhos são pintados de kajal para “espantar mau olhado”.

A mística maior da Índia reside na aura que envolve o povo, pela fé que demonstra nos valores para além da vida terrena. A resignação deles diante da realidade (que para nós pode parecer adversa) se converte num olhar de acolhimento e irmandade para com os demais seres.

A cultura religiosa se consolida numa sabedoria intrínseca de que “o que acontece é aquilo que tem de ser”. Assim, eles mantêm a confiança de que estarão sempre providos do necessário para a existência.

Com este espírito não ansioso eles seguem pela vida e pelo trânsito das ruas e estradas. A baixa ansiedade talvez seja a única explicação para um trânsito caótico que não desperta iras ou desrespeito entre os motoristas, no qual buzinam o tempo todo não para sinalizar “saia da frente”, mas como uma forma de pedir “com licença”.

*Vera Mari Damian – Jornalista e praticante de yoga. Viajou para regiões do Centro, Norte e Noroeste do país no período de abril e maio de 2016. E passou a amar a Índia.

  • Leia também:

O sagrado está em tudo na Índia

A Índia na História

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