Como evitar os golpes da Black Friday?

Confira boas dicas e um convite à reflexão contra o consumismo

Fernanda Moraes

Fernanda Moraes

26/11/2025
Como evitar os golpes da Black Friday? Rovena Rosa/Agência Brasil

4 min de leitura

Novembro: mês que antecede as festas de fim de ano. Nos Estados Unidos e em algumas ilhas do Caribe, quando se comemora o tão famoso Dia de Ação de Graças. Para muitas pessoas ao redor do globo, no entanto, novembro causa ânsia por um motivo mais consumista – a Black Friday.

O que é a Black Friday?

A origem do termo é mais sombria do que se possa imaginar. “Black Friday” foi cunhada pela primeira vez na sexta-feira de 24 de setembro de 1869, durante o desastre do mercado de ações dos Estados Unidos, quando dois banqueiros tentaram, de forma ilegal, fazer o preço do ouro subir na Bolsa de Valores. O então presidente Ulysses S. Grant interveio na situação, vendendo todo o ouro estocado nos cofres públicos e derrubando seu preço drasticamente.

Mas o termo só foi ganhar popularidade de fato na segunda metade do século passado, na Filadélfia, quando policiais começaram a usá-lo para se referir ao trânsito caótico dos consumidores no dia seguinte ao Thanksgiving. A Black Friday ultrapassou fronteiras, e hoje é utilizada para designar o dia em que lojistas do mundo todo oferecem grandes descontos e ofertas. Pelo menos, na teoria.

Black Fraude

Você já ouviu a expressão “pela metade do dobro”? Isso ocorre quando empresários mal-intencionados oferecem descontos falsos, induzindo o consumidor a acreditar que está economizando. Além disso, é comum a criação de sites fraudulentos, que se aproveitam da popularidade da Black Friday para aplicar golpes. No ano passado, o Serasa analisou 5,2 milhões de transações na data e, destas, interceptou 32,4 mil tentativas de fraude.

Sendo assim, o Nosso Bem Estar elencou algumas dicas para que você evite ser enganado durante suas compras:

1- Monitore os preços: antes da chegada da Black Friday, monitore os valores de seus objetos de interesse em diferentes lojas. Alguns sites fazem isso para você, analisando os preços nos últimos meses de forma automatizada, como o Buscapé.

2- Desconfie de ofertas exageradas: é comum que varejistas ofereçam bons descontos, mas valores muito abaixo do preço de mercado são impraticáveis. Ofertas milagrosas podem ser golpe.

3- Cheque a reputação das lojas: conforme mencionado, criminosos aproveitam da grande movimentação financeira da época para vender produtos que sequer existem. Sempre verifique se a loja é confiável através de pesquisas na internet, popularidade e reputação nas redes sociais.

4- Reclame Aqui é aliado: ainda em dúvida se a oferta é verdadeira? Pesquise o nome da loja no site Reclame Aqui – plataforma que reúne experiências de usuários – e verifique as avaliações. O site mostra a pontuação geral dos estabelecimentos com base nos comentários, e é possível ver se as reclamações são atendidas ou permanecem sem retorno ao cliente.

5- Saiba seus direitos: em caso de suspeita de propaganda enganosa, registre uma ocorrência no portal consumidor.gov.br ou Procon do seu estado. Se sentir que foi lesado, o Código de Defesa do Consumidor oferece o direito de exigir o cumprimento da oferta, a troca por um produto similar ou o cancelamento da compra com devolução integral do valor pago. No caso de compras online, também existe o direito ao arrependimento, em que o consumidor pode devolver o item em até sete dias após o recebimento, sem necessidade de justificativa.

O movimento anticonsumista

Para além dos cuidados ao bolso, é importante analisar as motivações pelas quais você deseja realizar uma compra na Black Friday. De acordo com o neurocientista Christian Elger em entrevista à Deutsche Welle, o sistema de recompensa do nosso cérebro é ativado diante de palavras como “liquidação” e “promoção”.

Em contrapartida, também existem regiões do cérebro responsáveis por racionalizar se a compra é necessária ou não. No entanto, a liberação de dopamina causada pela ativação dos neurotransmissores do sistema de recompensa as mantém quase inativas. Semelhante ao que acontece com as drogas.

Foi em vista disso que grupos anticonsumistas ganharam popularidade, principalmente no ambiente digital. Em redes como o TikTok, a #anticonsumerism reúne vídeos com dicas de como reutilizar roupas e outros itens antigos em vez de adquirir novos, incentivando o consumo consciente e a busca pela racionalização das compras.

A revista anticonsumista canadense AdBusters promove anualmente o Buy Nothing Day, ou Dia Mundial sem Compras, como é conhecido no Brasil. Realizado no último sábado de novembro – ou seja, dia seguinte à Black Friday –, o BND é um dia internacional de protesto contra as práticas consumistas. Os participantes comprometem-se a não comprar nada por 24 horas, como um ato de demonstração de poder enquanto consumidores.

Embora a iniciativa tenha seu valor, é importante repensar, de forma geral, nossa relação com o consumo durante o ano inteiro. O incentivo a tais práticas é desenfreado na Black Friday, mas o desejo de adquirir o celular do ano ou a peça de roupa em tendência também precisa ser racionalizado, independente da época.

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Fernanda Moraes

Fernanda Moraes

Estudante de Jornalismo, apaixonada por literatura, música e cinema. Através da arte, busca transformar a realidade em poesia.

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