O sagrado está em tudo na Índia

A Índia sempre terá muito para ensinar aos visitantes

Redação NBE

Redação NBE

15/08/2016
O sagrado está em tudo na Índia Vera Mari Damian

5 min de leitura

*Por Vera Mari Damian

O famoso rio Ganges (Ganga) é um dos maiores do mundo, com 2.510 Km de comprimento. Suas águas vêm sendo usadas para irrigação há mais de 2 mil anos. Ao longo das planícies do Norte da Índia, são produzidos alimentos para quase todo o país.

Parte desse rio ainda está preservada da poluição. Outras partes recebem toda sorte de resíduos. Isso motivou que mestres espirituais indianos recentemente iniciassem uma grande campanha de conscientização e de ações para prevenir e reduzir a poluição no rio que eles consideram a “mãe provedora”.

Os seguidores do hinduísmo acreditam que ser cremado às margens do rio Ganges e ter as cinzas jogadas em suas águas é o caminho para uma vida feliz após a morte.

As peregrinações religiosas para purificar-se nas águas deste rio também acontecem em outros locais.

O maior evento de peregrinação da Índia é o festival MahaKumbh Mela, que reúne dezenas de milhões de pessoas crentes de que banhando-se nas águas sagradas lavarão seus pecados. Casais mergulham juntos para garantir que retornem como casal em vidas futuras.

Milhares de sadhus (ascetas) também acorrem e dão um tom espiritual elevado (e curioso) para o Festival, com as variadas formas de renúncia à vida mundana que manifestam, como o total desapego, a nudez, os cabelos compridos, a promessa de nunca mais baixar o braço, entre outras. Os sadhus vivem para meditar e têm um status de quase divindade na sociedade indiana.

O Festival tem origem no hinduísmo. Segundo a crença, ao lutarem com demônios pela posse de um pote (Kumbh) que continha o néctar sagrado da imortalidade, os deuses deixaram cair quatro gotas sobre quatro cidades -Ujjain, Nasik, Haridwar, e Allahabad. Nestes locais passou a acontecer o festival de purificação Khumba Mela, a cada três anos, numa espécie de rodízio entre as cidades.

O grande festival (Maha) acontece de 12 em 12 anos, também em rodízio. Em 2016, o MahaKumbh Mela foi realizado na cidade de Ujjain, às margens do rio Shipra, de 22 de abril a 21 de maio. As datas são marcadas de acordo com conjunções astrológicas.

Homens em ritual na Índia

Mundo à parte

Exceto em partes das grandes metrópoles, é comum você ver (e sentir) as vacas defecando nas ruas; o esgoto correndo solto; carros-caminhões-motos-pedestres-vacas-cabras-porcos- camelos dividindo o trânsito; péssimas condições de trabalho com longas jornadas e parcos salários; pobreza; indícios claros de que o sistema de castas ainda existe (pelo menos para os mais pobres, tratados como invisíveis) e critérios muito diferentes dos seus sobre o que é sujo e limpo em qualquer ambiente.

Mesmo nestes aspectos a Índia sempre terá muito para ensinar aos visitantes.

O lixo, por exemplo, pode ser avistado em todos os lugares públicos (incluindo reservas ecológicas e desertos), mas você vai se surpreender com o asseio interno das habitações, incluindo as mais pobres.

Pra começar, eles mantêm o saudável hábito de não entrar nos ambientes com os chinelos e sapatos usados na rua. Em muitas lojas, os calçados deixados na entrada da porta são um indicativo aos clientes para fazerem o mesmo. Até em atividades simples como a recreação de crianças ao ar livre, o hábito de tirar os sapatinhos é mantido.

Rua de cidade da Índia com pessoas e veículos

Em todos os banheiros indianos – públicos ou privados – você vai se deparar com algum sistema de água disponível para o asseio pessoal (de preferência com a mão esquerda, pois a direita é usada para a alimentação). Para eles, limpar-se somente com papel higiênico seria o mesmo que passar guardanapo para limpar os pratos ao invés de água e sabão.

Na alimentação, ainda que os ambientes de cozinha sejam – digamos – não limpos o suficiente, a mágica ancestral do conhecimento no uso de condimentos e especiarias promove uma espécie de esterilização das possíveis bactérias.

Palmas para a pimenta, a cúrcuma, o gengibre, o cominho, o coentro, a canela, a noz-moscada, o cardamomo, o anis estrelado e tantas outras plantas e ervas que aromatizam, dão sabor e conferem propriedades medicinais e antissépticas.

Para quem tem problemas gástricos com pimenta, recomenda-se gravar estas palavrinhas básicas em inglês: “non-spicy-food, please”.

Pedir por favor, uma “comida sem especiarias”, não é garantia. Por vezes, é melhor fazer um drama dizendo que você tem alergia e assim vão realmente reduzir os condimentos, para não prejudicar você. É incompreensível para os indianos que alguém coma sem as “masalas” - nome dado para todas as misturas de ervas e especiarias usadas na alimentação.

Tenha em mente que boa parte dos problemas gastrointestinais adquiridos pelos visitantes se devem a uma irritação do organismo não acostumado à intensidade dos temperos. Outra parte se deve à ingestão de água com bactérias ou minerais estranhos ao organismo ocidental. Nesse caso, a dica é procurar sempre por garrafas de água mineral devidamente lacradas.

Direito à água

A disponibilidade pública de água é uma marca presente por toda parte. No interior, as comunidades se organizam voluntariamente para oferecer água aos que passam. Um exemplo do reconhecimento de que todos os seres têm direito à água.

Mulheres indianas na margem do Ganges

Não é raro os indianos pedirem para tirar fotos com estrangeiros. Assim como eles nos parecem exóticos, os ocidentais também representam os rostos que eles só veem no cinema. Costumam ser muito gentis e aceitam recusas sem grandes frustrações.

A comunicação é sempre mais vitoriosa no sorriso e na mímica. Ao contrário do que se pensa, em boa parte da Índia, o inglês é entendido por poucas pessoas. O Hindi é a língua oficial juntamente com o inglês. Outras 20 línguas são reconhecidas oficialmente na Constituição do país, das quais 15 estão escritas nas cédulas de rúpias (dinheiro do país) para facilitar o entendimento ao povo. No total, estima-se que são falados cerca de 400 idiomas e dialetos. Incluindo os tribais, podem chegar a mais de 5 mil.

Casal indiano com criança

* Vera Mari Damian – Jornalista e praticante de yoga. Viajou para regiões do Centro, Norte e Noroeste do país no período de abril e maio de 2016. E passou a amar a Índia.

  • Leia também:

Índia Mística e Bela

A Índia na História

Compartilhe

Redação NBE

Redação NBE

Nosso Bem Estar é uma rede de mídias com o propósito de ajudar você a viver bem, de forma natural, saudável e justa.

Também pode te interessar

blog photo

Cabelos pedem mais atenção no Outono

Cabeleireira dá dicas eficientes para cuidar dos cabelos nesta época do ano

Redação NBE

Redação NBE

blog photo

4 dicas de programas de Páscoa na Serra Gaúcha

Cidades da Serra oferecem espetáculos, passeios, brincadeiras e muito chocolate

Redação NBE

Redação NBE

blog photo

Sesc-RS lança projeto Turismo Pedagógico

Pacotes serão montados de acordo com interesses dos alunos, do Ensino Fundamental ao Superior

Redação NBE

Redação NBE

simbolo Bem Estar

Receba conteúdos que te inspiram a viver bem

Assine nossa newsletter e ganhe um universo de bem-estar direto no seu e-mail