Quais são os alimentos inflamatórios?
Do ponto de vista do ayurveda, enquanto não conserta o “equipamento” qualquer alimento pode se tornar inflamatório
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O terapeuta ayurvédico Paulo Alvarenga atua há mais de 15 anos no tratamento de distúrbios alimentares (entre outros) e neste tempo tem visto crescer o conceito de “alimentos inflamatórios”.
Em entrevista para o Nosso Bem Estar, o terapeuta amplia o olhar sobre o tema
NBE - O glúten e a lactose são apontados como vilões por sua característica de serem altamente inflamatórios. Como o ayurveda vê isso?
Paulo Alvarenga – O que mais se vê são pessoas dando um peso muito grande para o alimento e um peso insignificante para outras questões como, por exemplo, um sistema digestório destruído. Entendemos que, enquanto não consertar o “equipamento”, qualquer alimento pode se tornar inflamatório.
NBE - Quais causas você aponta?
Paulo Alvarenga – Os maus hábitos, o excesso de tensão que as pessoas vivem e os alimentos com muitos condimentos artificiais produzem a hiperacidez e provocam inflamação e por consequência todas as ”ites” (gastrite, artrite, rinite e outras).
O alimento tem uma parte que é densa que forma os tecidos e tem uma parte sutil que forma a mente. Quanto mais prana o alimento tiver, mais energia vital transfere para o corpo e mente de quem vai consumir. O alimento industrializado, porém, só vai formar tecidos porque já não tem prana. Um alimento de 30 dias, conservado ou congelado, por exemplo, não vai mais ter energia vital. Maus hábitos como pular o almoço, comer sem sentir fome, não reservar pelo menos uma hora para a sua refeição, ou mesmo fazer reuniões almoço com temas não muito digestivos, provocam acidez.
NBE – O estado emocional pode interferir?
Paulo Alvarenga – Certamente. A era da tensão agravou e muito os processos inflamatórios. Os indígenas gastavam 80% para o alimento. Quanto tempo você reserva para aquilo que vai construir corpo e mente? A gente percebe pessoas com pânico, com doenças degenerativas, depressão, que aqui no consultório são tratadas como desnutrição do tecido nervoso. A recuperação leva tempo. Primeiro temos que reestruturar todo o sistema. Antes disto, nem os suplementos alimentares vão ter muito efeito, ou vão fazer efeito somente no período em que o paciente estiver tomando.
NBE – Quanto tempo a recuperação pode levar?
Paulo Alvarenga – A resposta para um bom tratamento leva de 3 a 6 meses. Mas o paciente precisa promover mudanças de hábito, mudanças de comportamento e um olhar atento para suas questões emocionais. Reservar pelo menos uma hora para a refeição num ambiente tranquilo, dormir até as 22h e acordar cedo para respeitar o ciclo circadiano. Da 1 às 3 da madrugada é quando o corpo o corpo vai nutrir os hormônios, mas ele precisa que a pessoa já esteja dormindo a há pelo menos 2h para uma boa ação da glândula pineal, que nos equilibra e nos conecta com a espiritualidade. Gosto de falar em “temperança” – o equilíbrio entre o tempo de trabalho, tempo de lazer, tempo de espiritualidade.