Você conhece a Escrita Terapêutica?

Se você nunca ouviu falar do termo ESCRITA TERAPÊUTICA, vale a pena conhecer um pouco mais sobre essa prática. Nos últimos anos, ela vem ganhando cada vez mais espaço como uma poderosa ferramenta nos processos de autoconhecimento e cura emocional, podendo desencadear um processo terapêutico que auxilia o tratamento de ansiedade, depressão, quadros de estresse, síndrome do pânico ou mesmo fobia social, entre outros.

Mas os benefícios vão além: através de inúmeras pesquisas realizadas em diversos países, a ciência vem mostrando que a escrita pode ser capaz de alterar respostas fisiológicas a doenças crônicas, melhorando o quadro de saúde de modo geral. Ela também pode auxiliar na ampliação da qualidade de vida de pacientes com doenças graves (como câncer ou mesmo doenças neurodegenerativas).

Transformando experiências em palavras escritas

O ato de exteriorizar o que machuca ou incomoda, de transformar experiências difíceis - físicas, mentais ou emocionais - em palavras, em linguagem escrita, sem receios ou filtros, pode trazer alívio, clareza e serenidade. É uma oportunidade singular de colocar pensamentos, medos, angústias e anseios em perspectiva, dando um passo adiante no reconhecimento de problemas e na busca pelo melhor modo de lidar com eles.

Segundo a psicanalista Daisy Dalmáz, a escrita por si só é um sinal de evolução. “Sabemos que o mundo das ideias pode tudo, mas quando colocamos todo esse universo interno na escrita, ocorre um salto de qualidade, pois ele precisa ser organizado, precisa adquirir sentido, expressando um encadeamento de ideias e sentimentos. Nesse ponto, as barreiras internas se apresentam, a dificuldade de aceitar o limite próprio e da realidade precisa ser vencida. O resultado de tudo isso? A possibilidade de um profundo encontro consigo mesmo, com suas fragilidades e potências”, afirma.

Como funciona a ESCRITA TERAPÊUTICA?

A prática da Escrita Terapêutica envolve o ato de escrever sobre sentimentos ou experiências de forma espontânea e reflexiva, sem amarras ligadas à estrutura do texto, regras gramaticais, estilo ou temáticas específicas. Existe uma gama imensa de exercícios (de acordo com as particularidades de cada caso) que inclui relatos, desabafos, criação de uma rotina diária (ou semanal) de escrita e sequenciamento de ideias (para melhor organizá-las).

Vale ressaltar que todo o processo precisa ser direcionado para um conteúdo que expresse SENTIMENTOS, e não SITUAÇÕES (por exemplo: “senti raiva” ao invés de “gritei muito” ou “senti tristeza” ao invés de “chorei”). Aos poucos, as pessoas que seguem com a prática vão se familiarizando com a elaboração dos textos, além de aguçar a criatividade e a percepção de suas emoções mais profundas, num belo processo de autoconhecimento e fortalecimento interno. Como disse o poeta Fernando Pessoa “Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir”.