150 anos da imigração no RS – Parte 4

Os imigrantes italianos fizeram a América ao lado dos povos originários e de outras etnias também imigrantes

Sônia Storchi Fries

Sônia Storchi Fries

12/05/2025
150 anos da imigração no RS – Parte 4 Acervo: Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.

3 min de leitura

Foto: Seção de Mecânica da Metalúrgica Abramo Eberle, Caxias do Sul, 1925. Autoria: não identificada.

A imigração italiana se constituiu na primeira e maior etnia que aportou no Rio Grande do Sul entre os anos de 1870 a 1914. Sua marca está presente na agricultura, na indústria, na paisagem urbana e rural, nas gerações que se sucederam. Os imigrantes lançaram as sementes, colheram o trigo dourado, a uva madura; os descendentes debulharam o trigo, envelheceram o vinho, costuraram os sonhos.

A vinda de imigrantes italianos para o Rio Grande do Sul tem expressão multitudinária. Traziam a esperança de la cucagna e aspiravam far la América.

Uma construção

Mas a América não era o paraíso e eles a fizeram ao lado dos povos originários e de outras etnias também imigrantes.

O sistema de pequena propriedade, apoiado no trabalho familiar, foi exitoso e as sedes dos núcleos coloniais tornaram-se pujantes cidades.

A caminhada daquela quase centena de milhar de imigrantes não foi igual para todos. Muitos venceram, mas também é fato que outros tantos não alcançaram a prosperidade almejada.

Muitos permaneceram em suas terras, mas diante da prole numerosa a propriedade ficou pequena, a família se dispersou e parte dos filhos encontrou o caminho da cidade, indo trabalhar nas fábricas ou abrindo seu próprio empreendimento. Houve ainda aqueles que buscaram outras matas para desbravar.

Poucos enriqueceram, mas foram muitos os que conquistaram uma vida digna e fartaram a mesa de pão.

Jovens em frente à escola

Escola regida pelo professor Silvio Stalivieri, em 1908. Acervo: Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.

Celebrar os 150 anos da chegada dos primeiros imigrantes italianos ao Rio Grande do Sul é reverenciar a coragem de deixar o pouco que tinham, diante da incerteza do desconhecido.

É comungar com a dor de abandonar a família, os amigos, a pátria que os viu nascer.

É reconhecer o legado deixado na paisagem urbana e rural, nas tradições, na cultura, nos valores, enfim na construção de uma obra coletiva enquanto trabalho de todos.

Os processos migratórios recuam à evolução do Homo sapiens, as razões se repetem: fome, guerras, perseguições, conquistas, escravidão, exílios, questões de fronteiras, um vaivém de povos com suas histórias de violência, sofrimento, incertezas, esperança de uma vida melhor.

A imigração italiana é um capítulo na história das migrações da humanidade. Em todos os tempos, em todos os continentes, grupos humanos atravessaram desertos, cruzaram oceanos movidos pela mesma e incessante busca da felicidade.

Nesta caminhada povos se mesclaram - negros, brancos, amarelos - e o DNA de cada de nós guarda a história da evolução humana.

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Sônia Storchi Fries

Sônia Storchi Fries

Historiadora e pesquisadora. Especialista em história oral e uma das responsáveis pelo resgate e preservação do acervo documental do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, de Caxias do Sul - RS.

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