Tente mover o mundo

Como sair do mundo de aparências?

Redação NBE

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26/10/2022
Tente mover o mundo Vera Mari Damian

3 min de leitura

No clássico “O mito da caverna”, o filósofo Platão apresenta uma situação na qual escravos se encontram presos no fundo de uma caverna com os olhos voltados apenas para as paredes do fundo.

Ali eles estão desde a infância, geração após geração, sem conseguirem se mover em virtude das correntes que os mantêm imobilizados.

A realidade que conhecem consiste de sombras distorcidas de pessoas e objetos projetadas através de um fogo, que eles também não conseguem enxergar.

Tudo que esses escravos conhecem são essas sombras e os ecos dos sons propagados do lado de fora.

Para eles, esse é todo o mundo que existe.

Certo dia, um dos escravos consegue se soltar e caminha em direção à saída da caverna.

Ao primeiro encontro com a luz solar diretamente nos olhos, o escravo tem um ofuscamento da visão. O ex-prisioneiro pensa em desistir e retornar ao conforto da prisão a qual estava acostumado. Aos poucos, o choque vai se desfazendo e o escravo se acostumando à claridade e aprendendo a contemplar esse “novo mundo”.

Então, tomado de compaixão pelos companheiros presos, ele decide voltar à caverna e contar a eles o que há do lado de fora.

Mas como explicar aos prisioneiros esta nova versão da realidade?

Ele sabe que eles certamente não aceitarão seu testemunho porque acreditam que tudo o que existe é o mundo da sua caverna.

O mito da Caverna é uma história narrada por Platão em sua obra “A República” na qual traça uma alegoria sobre a importância da busca pelo conhecimento e do abandono do comodismo.

Nessa metáfora, as correntes representam o senso comum e os pré-conceitos que aprisionam os indivíduos e os impedem de buscar o conhecimento verdadeiro.

As sombras simbolizam as aparências, tudo aquilo que é falso ou distorção do real. É também o mundo das aparências no qual as pessoas estão acostumadas a viver.

A luz representa o conhecimento, que pode ofuscar quem não está habituado e que não é fácil de ser transmitido a quem não quer ver.

O Mito da Caverna é também uma homenagem de Platão a Sócrates, seu mestre que rompeu com os preconceitos de sua época e foi condenado à morte por isso. Sua morte gerou uma grande comoção na Grécia e sua sabedoria influencia os rumos da filosofia e de toda a cultura ocidental até hoje.

Nossas cavernas

Trazemos o Mito da Caverna escrito por Platão por volta de 380 a.C. como uma alegoria sobre as cavernas em que vivemos neste 2022.

Precisamos trazer um pouco de luz sobre este estado de “recolhimento para as cavernas”, que de certa forma todos praticamos no isolamento da pandemia e do qual hoje temos dificuldades em sair.

Muitas cavernas nos aprisionam neste início do século XXI.

Entre as piores, estão as bolhas de redes sociais e internet manipuladas por algoritmos e grupos com interesses diversos, que nos aprisionam através do medo e da ignorância numa falsa zona de conforto e segurança e em “verdades” para lá de questionáveis. Há milhões de anos passamos a andar sobre duas patas e ainda temos muitas dores nas costas por causa disto. Não temos ainda tempo suficiente para saber os malefícios pessoais e sociais que este uso inescrupuloso das tecnologias vai causar em nosso processo evolutivo.

Mas sabemos que os seres humanos são mamíferos gregários, que precisam uns dos outros. E que fora das cavernas está o convívio real, o encontro, a verdade e a luz.

*Platão – Filósofo grego, nasceu em Atenas, no ano de 428 a.C., e faleceu em 348 a.C. aos 80 anos (o tempo “antes de Cristo é contado ao contrário).

**A imagem que ilustra esta matéria foi captada durante o Cio da Terra - 1º Encontro da Juventude Gaúcha. Em 1982, o festival reuniu 15 mil pessoas em Caxias do Sul para debater temas como cultura, política, educação, sexualidade, preconceitos, amor, paz, liberdade e tantos outros temas que permanecem atuais até hoje. 40 anos depois, a sociedade dá sinais de retrocessos perigosos sobre os avanços saudáveis que já foram conquistados. Sigamos movendo o mundo e a nós mesmos. Mais amor, por favor.

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