Sexualidade em perspectiva sistêmica

Olhar taoísta ajuda a entender a energia do sexo

Redação NBE

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11/04/2022
Sexualidade em perspectiva sistêmica Adobe Stock/NBE

4 min de leitura

Natalina Pedrolo*

Este é um tema cheio de tabus, crenças e moralidades. Vamos abordar aqui o tema sexo como um elemento de nosso corpo. Por corpo entenda-se a personificação do indivíduo, algo muito anterior a qualquer doutrina, cultura ou classificações.

Queremos olhar para o assunto sexo/sexualidade numa perspectiva sistêmica.

Sexualidade vem de sexo, do Latim SEXUS, “gênero, estado de ser macho ou fêmea”, relacionado a SECARE, “dividir, cortar”, pois ele define a raça humana em duas partes.

Nilton Bonder (2021) trouxe uma ideia que considero muito adequada, como sendo o sexo a experiência de apropriação de si mesmo. Mas como sexo é encaixe, corpos que se complementam, esta apropriação de si mesmo é experimentada como uma parte de si que só existe em relação ao outro. É uma experiência que vivo em mim através do outro.

A libido ocorre dentro de cada um, embora a experiência sexual seja vivida a dois e o tesão possa ser despertado pelo outro. E, deste ponto, se extrai a principal mensagem de Bonder: o sexo é um dos elementos (não o único, veja bem) que permitem que a gente se aproprie de si mesmo.

Olhar Taoísta

Atualmente, estamos olhando para a sexualidade somente pelo viés do prazer, mas a função dela é muito mais abrangente.

Se olharmos na perspectiva taoísta, homens são predominantemente Yang e as mulheres Yin. A troca dessas energias ocorre através do sexo.

Os sábios taoístas têm um olhar muito cuidadoso sobre esta questão: somos e precisamos de energia para viver e a forma como a utilizamos pode determinar a condição de saúde e de longevidade da vida. Quando falamos de energia não qualificamos ela como sexual, porém, através da sexualidade, temos a capacidade de gerar e movimentar muita energia, que, por sua vez, pode ser direcionada para o corpo, ou desperdiçada.

A função básica do sexo é a reprodução, por isso, toda vez que temos um orgasmo geramos e trocamos muita energia vital. O homem se nutre do yin da mulher e a mulher se nutre no yang do homem. Cabe a nós aprendermos como não desperdiçar esta energia e, sim, como utilizá-la enquanto fonte nutridora para que possamos viver os mais altos benefícios da experiência humana, dentre elas o desenvolvimento espiritual.

Sexualidade diz respeito à procriação, à satisfação e prazer, a poder, à alegria de viver. E tem uma função importante: nos levar para a vida adulta.

Figura de homem e mulher se abraçando

Desconexão

A sexualidade humana é uma grande porta para a entrada no mundo da consciência, o território exterior ao “paraíso” da ingenuidade e infância. Ao abrirmos a porta da consciência nos deparamos com infinitas possibilidades e potencialidades do Ser Humano.

A natureza muito sabiamente, entre 12 a 14 anos, desperta hormônios que nos preparam para gerar novas vidas, e tudo o que vem a partir deste evento. Porém, em nossa sociedade, nesta idade ainda não estamos prontos para tomar responsabilidade sobre toda a dimensão que gerar uma vida requer de nós.

Então, ficam algumas perguntas:

  • Se a natureza nos mostra que é chegada a hora de iniciar uma mudança, o que aconteceu com a sociedade que não prepara mais os indivíduos para apropriarem-se de si mesmos?
  • Por que os ritos de passagem foram suprimidos da sociedade moderna?

Em meu consultório recebo jovens, e, também adultos, que não reconhecem a importância da sexualidade em suas vidas, que não conhecem seus corpos. Mulheres que não se conectam com seus ciclos menstruais, entorpecidas de hormônios e desligadas de seu prazer. Homens que acreditam que precisam ser viris o tempo todo, gerando um estado de ansiedade quando não correspondem a esta imposição social, que não cuidam de sua saúde, que têm grande dificuldade de intimidade, que não conseguem olhar para seus medos.

Percebo que estamos diante de muitas informações, porém, no núcleo familiar e nas escolas, falar de sexualidade é, ainda, basicamente prevenir uma gravidez indesejável e não a reflexão como um processo de transição de uma fase para outra da vida.

É o despertar para a sexualidade que nos separa do desejo de permanecermos unidos aos nossos pais e que nos impulsiona para o desejo de conhecer novas possibilidades. Esta é a força da libido.

A sexualidade em muito se confunde com a própria vida dos seres orgânicos. Não existe vida numa única geração; sem reprodução não há vida.

Despertar

Neste sentido a sexualidade é o eixo essencial da sobrevivência. Obviamente que para nos apropriarmos de nós mesmos não basta viver a sexualidade, mas dar conta de outras dimensões da vida (dinheiro, trabalho, moradia...).

Sexo é libidinal, é desejo, é fogo como diz o taoísmo. Intimidade não é febril, é um despertar, é um florescer, vem com a maturidade e juntamente com a capacidade de assumir compromissos, com seus ganhos e com as renúncias. Não como aprisionamentos, mas sim como liberdade de escolha que caminha para um enriquecimento de vida.

Para isso, acredito que, tal qual falamos nas constelações sistêmicas, é preciso dar o lugar que cabe a ela naturalmente. Se excluímos, ou damos importância inadequada, certamente a sexualidade ocupará um espaço que poderá gerar muitos desequilíbrios no indivíduo, nas famílias e na sociedade.

*Natalina Pedrolo é Acupunturista, terapeuta Maha Lilah e especialista em Constelações Sistêmicas.

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