Garibaldi tem escritor finalista do Prêmio AGES Livro do Ano 2024
Rafael Martins da Costa - que também é professor da Rede Pública - concorre na categoria Juvenil com o livro “Yvytu e o Palavra Bonita”, publicado pela Coragem
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O escritor Rafael Martins da Costa - morador de Garibaldi, na Serra Gaúcha - é um dos finalistas do Prêmio AGES Livro do Ano 2024, na categoria juvenil, com a obra “Yvytu e o Palavra Bonita”, publicado pela Coragem. A lista dos finalistas foi divulgada no dia 19 de outubro, e de acordo com informações publicadas pela entidade, foram inscritas 203 obras nas dez categorias que concorrem à premiação.
As obras que receberão o Prêmio AGES 2024 serão anunciadas em cerimônia no dia 4 de dezembro, no auditório Barbosa Lessa (Espaço Força e Luz), em Porto Alegre. E para quem quer conhecer um pouco mais sobre o livro,"Yvytu e o Palavra Bonita“, vale conferir a leitura dramática de trechos das obras finalistas, promovida pela entidade durante a Feira do Livro de Porto Alegre e com interpretação a cargo das alunas e alunos do DAD/UFRGS (sob a coordenação da professora Luciana Éboli). O evento acontece no dia 11 de novembro, a partir das 17h30min no auditório Barbosa Lessa do Espaço Força e Luz (POA).
A seguir, acompanhe a entrevista do NBE com o autor Rafael Martins da Costa:
Quando e como surgiu seu interesse pela escrita? Como foram os primeiros passos em direção à produção literária?
Meu interesse pela produção literária é relativamente recente. Sempre fui mais voltado para o desenho, os quadrinhos, as charges, etc. Por volta de 2016, quando estava construindo o roteiro para uma história em quadrinhos que queria desenhar, comecei a procurar oficinas de Escrita Criativa para conhecer técnicas ligadas à construção de narrativas longas, iniciando uma na modalidade online em 2017. Logo depois, participei de uma coletânea de contos e fui aprofundando minha escrita literária. Percebi que meu interesse nesta área específica aumentava. Num primeiro momento, eu queria construir o esqueleto do meu roteiro, mas, de repente, senti vontade de transformar minha história em livro. Em 2020, durante a pandemia, comecei uma oficina de escrita com a Débora Chiari e não parei mais.
Fala um pouco a respeito da tua primeira publicação (Mistérios da Terra) e do teu trabalho com quadrinhos:
Em 2017, eu havia começado a postar pequenas histórias em um blog, com a personagem que estava desenvolvendo junto com um amigo: a Eva, uma guarani que vive em uma redução jesuítica do século XVII e se envolve em casos fantásticos. Queríamos lançar uma série de histórias com essa personagem, no formato webcomic e conseguirmos fazer três. Uma escrita e desenhada por mim, e outras duas, com roteiro meu e desenho desse amigo, o Ricardo. Com ele, comecei a publicar fanzines e revistas independentes desde o final dos anos 90, quando nos conhecemos. Em 2022, lançamos aquelas três histórias da Eva no formato impresso, através de uma plataforma de financiamento coletivo.
Como surgiu a ideia que norteia o livro "Yvytu e o Palavra Bonita"?
A ideia de “Yvytu e o Palavra Bonita” é um prosseguimento das histórias da Eva, dos quadrinhos. A ideia da personagem surgiu em uma viagem de turismo com minha família. Fomos visitar as ruínas de São Miguel, na região das missões, oeste do Rio Grande do Sul. Aquele lugar é muito mágico para mim. Contemplando aquelas ruínas, eu fiquei imaginando como era a vida naquele lugar, o que as pessoas faziam e tudo mais. Então, surgiu a ideia da personagem. Hoje, mudei algumas características dela, criei uma origem e isso tudo está neste livro.
Como foi o processo de escrita do livro?
Foi repleto de aprendizado. Eu tinha ficado alguns anos construindo as partes da narrativa - já havia passado alguns anos encaixando as peças, mostrado para amigos e professores. Pude ter a avaliação de escritores e escritoras, e cada um me dava um conselho. Mas, isso, é a parte literária. Também teve a pesquisa histórica, que para mim não foi complicada, pois sou professor de Geografia e me interesso muito por essas temáticas. Procurei bibliografias, teses, dissertações, visitei aldeias guarani algumas vezes e consegui muitas informações que foram me ajudando a construir a personagem, os cenários, a narrativa em si. Quando julguei que o texto estava bem estruturado, procurei a orientação da Débora (já tinha feito a oficina com ela anteriormente) para me ajudar a lapidar o livro.
Como tu vê hoje o cenário da produção literária na região?
Na minha opinião, a serra gaúcha conta com um cenário literário em ascensão. Acho que, em pouco tempo, é possível que tenha um evento nacional ou, ao menos, estadual por aqui. Temos muito escritos e escritoras produzindo, e variados gêneros - crônicas, contos, poesia, romance e até quadrinhos. As feiras do livro municipais, ainda que algumas precisem evoluir, são constantes e, bem ou mal, abrem espaço aos artistas locais. Em Bento Gonçalves existe um fundo municipal de cultura e em Carlos Barbosa, um concurso literário. Mas podemos ir muito mais longe. Acredito que as formas de expressão cultural são importantes na construção da identidade e memória de um povo. E, se quisermos formar uma sociedade que tenha espaço para todas as vozes, precisaremos lutar para abrir esses espaços.