Não, não liga pra ele

Livre-se da infointoxicação e conecte-se melhor às pessoas

Redação NBE

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28/01/2022
 Não, não liga pra ele Crédito da imagem: Marco Melgrati

4 min de leitura

Todos nós estamos familiarizados com os benefícios extraordinários de nossos telefones celulares. Mas, a maioria de nós também já se deparou com as desvantagens sociais e psicológicas que as novas dinâmicas da vida através das telas trouxeram para o nosso quotidiano.

Os protestos contra o uso excessivo (e/ou compulsivo) dos celulares iniciaram a partir de amigos, pais, mães e avós que se viram perdendo atenção e convívio dos seres próximos.

Em pouco tempo, os próprios pais – e até avós – acabaram eles também cooptados pelo no mundo das telas.

Os protestos foram ficando cada vez mais raros. Os convívios interpessoais também.

Uma das mais graves consequências do lockdown durante pandemia foi a solidão sentida por crianças e jovens no ambiente familiar. Todos em casa, nos celulares e ausentes da presença.

Dominação digital

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han está entre as poucas vozes que se levantam para denunciar o processo de dominação que o uso dessa tecnologia acabou gerando. Considerado uma das estrelas do pensamento atual, Han se aprofunda em sua cruzada contra os smartphones por acreditar que eles se transformaram em uma ferramenta de subjugação digital que cria viciados.

“O smartphone é o artigo de culto da dominação digital. Age como um rosário e suas contas; é assim que mantemos o celular constantemente nas mãos. O like é o amém digital”, definiu o filósofo, também autor do livro Sociedade do Cansaço, no qual traz profundas reflexões sobre essa sensação permanente de exaustão que já atinge muitas pessoas. Um cansaço que, em grande parte, se deve à nossa imersão no mundo digital em busca de entretenimento e de informação.

“Hoje entendemos o mundo através das informações. O mundo é mais do que a informação. A tela é uma representação pobre do mundo. Giramos em círculo ao redor de nós mesmos. O smartphone contribui decisivamente para essa percepção pobre de mundo”, diz o filósofo.

Ilustração de Marco Melgrati

Fadiga informativa

A Síndrome da Fadiga Informativa é causada pelo consumo de informações em excesso, num volume que o cérebro não consegue processar.

Entre os sintomas estão: insônia e/ou sonolência excessiva, estresse, tensão e perda de memória.

Pode vir a desencadear ou agravar a ansiedade e outros transtornos mentais e é caracterizada por comportamentos típicos, como a necessidade de estar sempre conectado(a) às mídias digitais, dificuldade de concentração, esquecimento, sentimento de incapacidade e depressão. As estratégias das redes sociais de incorporarem elementos lúdicos para provocar o vício nos usuários também contribuem para essa intoxicação.

Para amenizar os efeitos dessa infointoxicação é necessário estabelecer momentos para se desconectar e ficar longe dos aparelhos eletrônicos (smartphones, notebook, computador, tablets, TV e outros).

O tempo livre pode ser usado para fazer coisas que não envolvam tantos estímulos relacionados à informação, como levar o cachorro passear (sem o celular), fazer atividade física, caminhar na praia, praticar jardinagem... ou mesmo não fazer nada, já que o ócio é extremamente necessário para que nosso cérebro possa descansar.

Ilustração de Marco Melgrati

Fortalecendo as redes sociais

Durante muito tempo foi “aceitável” todo tipo de comportamento em relação ao uso de celulares no convívio social. Isso vem mudando e o relacionamento com as redes sociais presenciais retomam seu papel de importância.

Dá um confere nessas dicas de “etiqueta” para o uso do celular:

1. Não segure seu smartphone o tempo inteiro

Ao ficar segurando seu celular enquanto conversa com outras pessoas, você demonstra que não está inteiramente ali /ou verdadeiramente interessado na presença. É indelicado de sua parte e constrangedor para a outra pessoa.

2. Explicar é educado

Se você precisa realmente usar seu telefone, é de bom tom de sua parte comunicar isto àqueles que estão ao seu redor. Mas não use esse argumento para ficar vendo cada mensagem que chega nos seus grupos do WhatsApp.

3. Dê prioridade

Se você está conversando com alguém pessoalmente, isto significa que a pessoa deixou tudo de lado para dar atenção a você, naquele momento.

Interromper uma conversa para usar ou atender o telefone é falta de educação. Se for realmente necessário, peça licença e explique o motivo.

4. Valorize a presença

Muito tem se perdido com a falta de convívio interpessoal. Se você não consegue largar o seu celular quando está com outras pessoas, reflita profundamente sobre o seu grau de vício digital e busque tratamento.

5. Crie uma cesta digital

Enquanto as pessoas ainda não conseguem praticar o uso correto do celular no convívio social, experimente propor que os celulares do grupo sejam deixados todos juntos numa cesta. E definam em conjunto como vão funcionar as consultas e atendimentos de chamadas.

Ilustração de Marco Melgrati


As imagens são do ilustrador italiano Marco Melgrati, que através do seu trabalho promove reflexões sobre a chamada “vida moderna”.

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