A palavra da mãe é lei

Comportamentos infantilizados são mantidos na vida adulta

Rosemari Johan

Rosemari Johan

13/07/2023
A palavra da mãe é lei AdobeStock/NBE

3 min de leitura

Rosemari Johan*

Nosso maior desafio, na atualidade, é poder compreender o comportamento dos seres humanos.

Comportamento imaturo, de agressividade, de violência, falta de amor e comprometimento, entre outros. Se a paz está no espírito dos homens, de onde vem a guerra, os conflitos?

Comportamento infantilizado

Compactuo com o que escreve a terapeuta e escritora Laura Gutman, quando diz que temos como obstáculo para evolução da consciência e de uma humanidade mais amorosa, os comportamentos infantilizados que os adultos mantêm.

Este tipo de conduta acaba refletindo na relação com a família e no poder do discurso materno. De que forma a palavra da nossa mãe afeta nossas escolhas e a programação do nosso eu?

Nossa mãe “nos diz e faz coisas” que determinam “como somos” e assim criamos personagens na esperança de obter amor e aceitação.

No geral, essa “fala” não é dita. E muitas coisas que não são ditas, não são registradas. Se não tenho registro do que acontece comigo interiormente, não sei quem sou. E assim, consequentemente, não temos consciência.

Não temos consciência dos medos, das sensações de desamparo, ou seja, não somos capazes de nomear, atualmente, o que nunca foi nomeado quando criança.

Os sentimentos das crianças são definidos, de acordo com o comportamento da mãe. No entanto, o pequeno não sabe que está sentindo, pois aquilo não foi nomeado. Não só a mãe, mas também outros membros da família dizem coisas que criam os personagens de cada um, segundo as necessidades do sistema familiar doente.

Todo sistema familiar tem disfunções, seja elas, em maior ou menor grau. Não existem famílias perfeitas. Consequentemente, vamos perpetuando esse “olhar”, carregando uma longa herança de ordens, preconceitos, medos, moral, conceitos filosóficos, religiões e segredos que nos deixam devastados.

Sem saber quem somos! Perguntando a torto e a direito o que é bom e o que é ruim.

Estratégias de sobrevivência

Toda família tem a coitadinha, o bonzinho, o rebelde, o inteligente, aquele que cuida de todos. Porém é bom saber que esse personagem que criamos, e ao qual nos acostumamos durante a vida, sempre nos oferece um refúgio que chamo de “estratégia de sobrevivência”. Um termo comum nas constelações familiares.

São formas de adaptação que criamos para nos defender da dor que sentimos por todo esse abandono e desamparo, embora não tenhamos consciência.

Por exemplo, o personagem “mau” garante que ninguém vai machucá-lo, pois ataca primeiro. Para o “eterno doente”, ninguém pede nada. O “manipulador” não só rouba o que pertence aos outros, como também é amado por aquele que engana. O “sedutor” se insinua, conquista e seduz, por falta de afeto, no entanto, não se envolve profundamente por medo de ser rejeitado.

São os atributos desses personagens que nos permitem viver e suplantar o desamparo da nossa infância, a falta de compreensão das pessoas mais velhas, a rigidez, o autoritarismo, ou simplesmente a solidão que vivemos nessa época.

Todo esse contexto gera e alimenta nossas crenças negativas e limitantes em relação a nós mesmos. Como ganhar dinheiro e ser próspero, como ter sucesso, se o padrão que foi alimentado é o da escassez, da falta? Nossas dificuldades afetivas, financeiras, profissionais vêm daí.

Curando a criança ferida

Coração com curativo

É possível mudar! Um primeiro impacto necessário para mudança é tomar consciência de que viemos de uma história emocionalmente bem mais árida do que tínhamos registrado, e com feridas abertas, sem sequer ter a consciência delas.

Outra forma de transformar essas experiências doloridas em um aprendizado de crescimento é fazer um mergulho nas nossas memórias. E, em conjunto, com nosso terapeuta, vamos relembrar, chorar - por muitas vezes com muita dor - e ressignificar esse contexto, através de um novo olhar – com palavras e ações que curam!

O potencial de crescimento que advém desse processo é capaz de transformar nossa criança ferida em um Ser Humano adulto. Em uma pessoa mais apta a ter relações harmoniosas, ter sucesso no trabalho e uma vida com muito mais qualidade e saúde.

*Rosemari Johan é Psicóloga Transpessoal e Sistêmica Familiar, de Casal e Individual, Consteladora, Integrante do CIT - Colégio Internacional de Terapeutas, Participante do Movimento dos Guardiões do Amanhã por todas as nossas relações.

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Rosemari Johan é Psicóloga Transpessoal e Sistêmica Familiar, de Casal e Individual, Consteladora, Integrante do CIT - Colégio Internacional de Terapeutas, Participante do Movimento dos Guardiões do Amanhã por todas as nossas relações.

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