Setembro Amarelo promove a valorização da vida
Conheça os sinais que indicam grande sofrimento emocional e até ideações suicidas e o papel da psicologia sistêmica

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O Setembro Amarelo iniciou no Brasil em 2015 por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e destaca o mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, com ações simbólicas – como iluminar monumentos de amarelo – e com o propósito de abrir espaços de diálogo e acolhimento.
Nos últimos cinco anos, o Brasil registrou cerca de 16.262 suicídios– uma média de 44 vidas que se perderam por dia. Esse dado nos lembra que o silêncio não salva — falar da dor, acolhê-la e entendê-la é o que alivia sua carga e pode salvar vidas.
Desde a perspectiva sistêmica, entendemos a pessoa como membro de redes: família, trabalho, comunidade. O sofrimento individual reverbera em sistemas mais amplos. Ao acolher alguém em crise, fortalecemos não só essa vida, mas também os vínculos que a envolvem, com impacto direto na saúde emocional coletiva.
De quem é a culpa?
Importante ressaltar: se você teve uma experiência de suicídio na família, saiba que não é culpada por esse destino. Cada trajetória é singular. Nossa responsabilidade está no cuidado que podemos oferecer – não em assumir uma dor que não nos pertence.
No ambiente corporativo, alguns sinais podem indicar que alguém está vivendo ideação suicida ou grande sofrimento emocional:
- Falas sobre não querer mais estar aqui, expressões de “não ter mais sentido” ou despedidas antecipadas;
- Isolamento repentino, queda de produtividade ou ausência de planos futuros;
- Agressividade com impulsividade, comportamentos de risco, ou abandono do autocuidado;
- Mudanças visíveis na aparência ou humor combinadas com desânimo.
Ao notar qualquer desses sinais, ofereça escuta atenta, sensível e sem julgamento. Incentive encaminhamento a redes de apoio: psicoterapia, CVV (188), serviços de saúde. Falar não aumenta a dor — ela precisa ser acolhida.
As empresas são espaços estratégicos de prevenção. Entre as importantes iniciativas, podem: promover palestras, rodas de conversa e campanhas de Setembro Amarelo; capacitar lideranças e RH para identificar sinais e agir preventivamente; integrar protocolos de acolhimento emocional nas práticas de saúde ocupacional.
Neste contexto, psicólogas e psicólogos sistêmicos atuam como ponte entre o indivíduo e seu sistema, oferecendo ferramentas de escuta, compreensão dos vínculos e construção de sentido. Nosso compromisso é cuidar da rede em que cada pessoa está inserida, fortalecendo vínculos saudáveis, de cuidado mútuo e propósito.
Setembro Amarelo nos convoca a quebrar o silêncio e cultivar uma cultura de cuidado nas empresas. Ao falarmos da dor com acolhimento — e sem culpa —, fazemos da prevenção um ato coletivo. E nesse espaço, transformamos ambientes, fortalecemos vínculos e, sobretudo, valorizamos vidas.